aqui o vento passa
não diz palavra, nem vai
lá continua olhando ninguém
cá, só se sabe
que não cala a desgraça
por culpa não se sabe de quem
o poeta já não diz poesia
o vento ruma a mau porto
as gaivotas já não voam
de certo por culpa de outrem
assola a pequena Maria (de quantia)
continua o teatro na praça
O festival da dança do vazio
por culpa não se sabe de quem
os actores não actuam
(por graça)
acaba tudo no vazio
do rio
a rua deserta enche-se de ninguém
desta e mais uma vez,
por culpa de ninguém e de outrem
já não há quem cale o mal, mas o bem
sozinho no vazio do rio
assola todas as Marias e mais ninguém...