eu sou o teu labirinto...
Ecoam os gritos de quem se perde
Caem em corridas vivas,
em incontroláveis febres
que quebrantam os ares do desapego
(labirintos renovados neste momento;
já me espantaram a caça dos pensamentos mudos)
Deixa o pássaro sair,
ainda há pouco o chamei de falcão
quando senão vejo as singelezas do bicho:
Deixa o pássaro sair,
ele que não encontra janelas
anda pela casa
faz o ninho
espanta o gato
(que já se foi; memórias)
apaga a televisão
(nunca esteve acesa)
não acerta na janela
(que estava fechada)
vê ao fundo a serra
(não foi afogueada)
tenta de novo o percurso das portas
(entretanto fechadas)
gritos na casa e onomatopeias
ele é que quer sair,
Deixem-no sair,
abre a janela,
pousa no teu braço
pesos levianos e
leva-o,
finalmente,
à rua.
Olha à janela,
por momentos:
ali está de novo,
o pássaro,
mais livre...
que tenta entrar de novo.