Tento encaixar verbos em acções
que parecem correctas para não espantar
os que não devem ser espantados.
Criamos um escudo permanente
que nos deixa quebrantados
no meio de ruas vazias.
Não estamos cá para isto,
pensamos.
Umas bengaladas a estes pensamentos,
que só nos querem mal.
Continuamos,
contudo,
sentados nessa rua.
Queremos de lá sair.
Queremos dali desaparecer.
De novo,
as perguntas surgem
e as respostas fogem.
Que escudo é este
que não nos deixa existir?
E, se existimos,
porque não nos deixa agir?
Dizemos que somos imóveis e faltam-nos as forças.
Complexidades difíceis de controlar.
Chegam alto, tão alto que ficamos sem ar.
São escudos,
que nos pintam a cara de formas pouco nítidas,
filtram o que somos.
Se é que acabamos por ser alguma coisa
quando somos tão fechados.
Nem a companhia do escudo nos satisfaz.