não sei como dizer
que a atenção é duradoura
em insónias
e longas esperas
nestes quartos fechados.
não sei como dizer
que a mentira é perpétua
em jogos
não estanques
a céus abertos.
não sei como dizer
que a demência é vital
em respostas
a perguntas
que não têm comoção e sentido.
não sei como dizer
que o medo é extenso
em actos
mal ensaiados
e não aplaudidos no fim.
não sei como dizer
que o tempo é curto
em primaveras
tão separadas
nestas eras que nos surgem.
não sei como dizer
que a pureza é escassa
em homens
corrompidos
aqui por onde existimos.
não sei como dizer
que o que quero dizer
não me passa pelas mãos,
e as palavras
que vão aparecendo
não são ditas nem escritas.
apenas sei dizer
que as palavras verdadeiras
se perdem
em silêncios
que nos escondem de nós mesmos .