8.6.13

xadrez e monólogos aos desencontrados

continuamos a jogar xadrez...

A Rainha que avança impiedosamente
quebra os peões que ali caem
e, que depois da derrota, não sobressaem. 

Jogamos com metáforas 
em panos e teatros reais
e aforismos de primeira,
para acabar tudo 
em movimentos surreais - 
zwischenzug mortal- 
se somos nós que
não consentimos o peso
das derrotas
em costas tortas
e pesos ainda mais leves.

Recomeçamos o jogo
enquanto bate a chuva no chão.
Recomeçamos o jogo
porque existem recomeços
e, tal como o vinho,
se existe é para aproveitar
e recomeçar o jogo
e a escrita
e a refinação dos dois em conjunto
se jogamos sozinhos 
para perdermos
em ambos os caminhos
dialogamos em palavras novas,
verbos e frases pomposas
encontramos um jeito
de não abrandar
(de não brandyar,
ainda que assim seja mais difícil)
e depois recomeçar
o que foi estancado 
quando ainda queria respirar. 

Observamos atentamente
o silêncio da gente
que volta a jogar xadrez
ainda que não pergunte os porquês
de ser derrotado em 
peças dissipadas logo ao início 
e mates que não lhes eram destinados.