fui de comboio sem saber caminho. ou melhor, sabia o caminho e não conhecia guião já estudado que me dissesse que era ali que pertenciam os meus passos. apercebi-me na saída do cais que poucos são os que descem as escadas para lhes encontrar a viagem que não esperam fazer de volta. é como se ficássemos sem retorno. vamos sós na viagem e o barulho é grito dos que estão à nossa volta. alarmam as grandes janelas e os olhares nelas pregados já que controlam a percepção de não sabermos rumo certo novo rumo que é nosso tanto no terminal que é ao mesmo tempo início de estação.
divinizei toda a comédia ao esquecer como se imita acto novo acto não meu de apenas respirar em certos segundos exactos que fazem voltar a descer a escada que afinal apenas vejo ao longe. nesta escada alta já não há actor mas eleva-se o acto reforçado de não entender que ninguém olha para nós, nem mesmo no reflexo da janela. o actor já alto disse com a sua voz o obrigado de quem retorna a casa alagado no dia seco na multidão que serviu.