8.2.14

notas sobre a indefinição

1. prepara-se muito bem a escada que se sobe sem se saber que porta lá ao cimo nos espera. 
2. mudamos de ares à procura de respirar o que ainda não vemos e partimos adiante conforme nos propele a matéria ou disto que somos feitos
3. avançamos então por esses lados em que somos nós que nos ladeamos a nós mesmos, uma cadeira na qual ficamos sentados à espera que venha o sinal que diz que sim é a nossa vez, e mais tarde fazemos companhia a nós próprios. 
4. Congratulações também elas próprias e já nem sei se saí de casa com roupa vestida ou se foi assim que o vento nos deixou - há que limpar as vozes que sempre dizem que são outras coisas que fazem tudo por nós. 
5. Os nomes voltam e eu já nem sei em que caminhos me meto e que escadas subo. Ou melhor, eu sei bem que escadas subo, só não lhe sei o final como se compreendesse que tudo tem um final. E apenas não o enfrentasse e partisse sempre sem dizer adeus porque o adeus só digo a mim mesma todos os dias depois de olhar sempre vagamente para a mesma sala e cadeira que nos deixou. 
6. Por fim, sei que nem tudo sei e muito menos sei em que pensar e, se saio à rua e procuro as ruas novas, é porque ainda gosto de me perder e apenas não sei as moradas que me fazem, agora exactamente, ir ao encontro das escadas que sempre subi.