7.7.14

vero II

Há o perigo de um grito lindíssimo
quando andas assim comigo no invisível
                                                                 Cesariny

esperar um corpo 
para depois,
num linho desfeito, 
poder dizer no escuro
que nunca foi tão noite,
como no nosso princípio,
como se a noite já não quisesse ser fria,
já só um respirar
sem esperar

dobrar os dedos agora encostados,
encaixá-los em nós
na nossa pele
refazendo as pedras que éramos
até ao recomeçar dos dias 

esquecer o resto do mundo
perguntar em segredo o que foi feito de nós,
abraçar o resto dos dias,
fazer deles o nosso fim e não mais esperar.

pisar as águas
esconder os passos fugídios
dos que nos ouvem
(enfim, isto de te saber os passos...)
e dançar nesses rochedos,
nós as pedras vivas
nós e as serras nas casas sós
nós dentro das casas e as aves ao pé de nós,
entre nós, 
uma mão noutra mão
cadências de dias iluminados
afirmam um só corpo e um beijo,
entretanto,
entre tantos,
a esconder de nós 
o resto dos dias que foram
por fim, nem o frio já nos chama.

isto, ali em frente.