não que não vivesses, pois claro
eram velhas as torres que ali estavam
nunca olhaste para elas
elas que te dizem o futuro
caem paredes, janelas e o brilho
desse mesmo futuro
(desse mudo muro)
amanhã morrerás de novo,
porque não te saem as palavras de conforto
próprio
deixas o Teu corpo à sorte
nem que ladeie todos os dias essa morte
rodeia, rodeia, veste, despe
haverá quem diga o mesmo
de forma diferente, contente,
goza o velho o novo e diz, 'tu não vês',
porque por mais que seja profunda a cegueira
será grande a lucidez
amanhã é outro dia,
sabes que morres dentro de ti,
(lá se criou esta maré),
que leva tudo e te deixa sem pé
soberbas as ondas, bestial o Homem que as conjurou.