20.2.13

depois

depois verás o que aconteceu à velha pessoa,
se ela ainda por aqui andar.
venha ela a correr ou a tropeçar,
pelo que não quis encontrar no caminho.
esses trapos pretos horizontais
estendidos pelas ruas hoje vistas pelo sol
amanhã desgastadas com a força de ontem
perdem o brio do sombrio

se vieres vem só,
não te mostres a quem nunca quis ver
esse olhar que tudo vê,
essa sensação que tudo sente
larga-a da visão que te rompe por dentro
sai também desse centro
que não te vê, uma vez mais

são horas, minutos e anos
são chuvas, rios, e oceanos
são lugares em que pensarei
enquanto voltamos
do que é velho para o que nos renova.