18.2.13

o que nunca foi

É algo superior, tudo o que acontece. 
Esvai-se em cantos de memórias.
Esvai-se em histórias não recontáveis, perdidas até. 
Esse momento foi para longe, para o sombrio da noite. 
É mais do que as palavras podem escrever; 
é mais do que os sons podem ouvir; 
é, por fim, maior do que os pensamentos podem pensar. 

Porque tudo o que é, o é. 
Tudo o que rejeita e que é, não deixa de o ser. 
Se sabes o teu nome, não lhe esqueces a história.

Tenta fugir de dia, se te escondes.
Ainda que todos os dias na noite acabem, a corrida aí se afunda.
Nessa sombra que são os pensamentos daquilo que é. 
Esse escuro que não te salva, esse livro que te recupera
Essa palavra que te asfixia, essa tarde que não foi.

Desce, pois. 
Ao que existe e que pela noite espera.
Que não caias em prantos desafinados pelo que não foi.
Eleva-te, então. 
Ao que pensaste e ao que conseguiste respirar.