tiranias dos papéis:
mentes póstumas
palavras repetidas
ecos que rebentam
palavras fervem
ferve o quê?
lisboa que amanhece
(letras por aí)
eu, eufemismos,
femismos?
eu, eu, femismos
tiro o fe
mismos, mesmos
ismos,
eu e ismos
solta macabramente o que me prende
vazios à pena da única luz acesa
converte sonos em jantares imensos
desgraça de rinocerontes
que dão horas aos vagos passeios
pelos campos, aos domingos
(dou pequenos passeios aos domingos
pelos campos,
apenas para manter o passo)
ebule,
(bule, bule,
tule, sul)
pronúncias e dialectos
do sul,
(melhor do norte)
vagamente
Wagnermente
sistematicamente,
reparações fonéticas.
"invadem pretensões maiores"
diz pelo megafone antigo
gira-discos passa música antiga,
"oh, la, la, formidable..."
volta para dentro Homem,
que ainda te constipas.
Bebe um cházinho que isso passa.
Preto.
(nostalgias,
nortalgias,
mortalgias)
Olha de novo para o céu negro
cânticos negros
(enquadram-se perfeitamente,
oui?)
os fins-da-semana agradecem.
Acena positivamente
depois de pronúncias correctas.
Não digas isso, Homem.
Parece mal,
até me assustas.
(como seria no Eça:
o norueguês que trabalha no jornal
também tem desses tiques.
campos nasalados;
eram outros tempos)
O outro é que nunca mais aparece...
Obrigam os cá da terra a partir para os nortes
Sentem a falta da ausência
Silêncio.
(bradam como eu lhes ensinei,
voz libera, sempre - ando a tentar
Buongiorno
havia de ser comigo,
soprano).
Começam agora paradoxos tristes:
regressei do que nunca fui.
enchi o que foi sempre vazio de nada.
viveu eternamente depois de morrer.
(eu disse que eram só palavras,
sem sentido próprio.
sentidos proibidos,
por sinal -
não que ali estivesse
um sinal , na verdade).