30.4.13

partir

um vendedor de jornais
vê o vento que lhe passa,
sabe que ali se mete
em cantos mais que pequenos
frio dos dias quentes
calor...

muda a hora:
ainda que não mude o tempo
e esse tempo não passe
deixado em eras mortas

tristes, tristes
somos tristes
levam-me daqui para mares pesados
águas pouco nítidas
daquelas que eu não consigo fugir

toques eternos
em praias pela noite
(reverte para novas eras)
as praias tendem a não ser as mesmas
não se tocam,
tocam?

quando se perdem de vista,
olhos que não abarcam as plenitudes
das costas
longínquas
tangíveis nos braços 
nos segundos que somos. 
perde-se o mar e o tempo 
de vista. 

se não foge, 
deixa ir. 
um partir para ficar,
nas marés do que fica pelo ar.