14.4.13

tempos turvos

Olhos que dizem,
mãos que percorrem estradas,
palavras que se cortam 
(não ditas, ainda que pensadas).

São em vão, 
tristezas que escorrem paredes brancas,
avermelhadas com os tempos.

Vão. 
Dizem o que está no pano do palco
para serem aplaudidos.
Cascatas de aplausos 
para os que dali não saem.

Encurralados pelas suas máscaras
que querem dizer sim e dizem não.
São depois memórias vãs. 
Fracas com o passar do tempo.
Desenhos mal feitos e acabados;
feitos sem o esplendor das presenças fortes.

Tudo o que se apaga,
fica preso no que foi.
Alongam-se visões turvas da escassez do tempo.

Quando se acaba o que não foi começado
(eras...)
paredes que depois caem, 
colapsam com relevâncias interiores.
Não que fossem velhas,
apenas faltou a força para as levantar.