15.6.13

porto seguro

quando ficamos acordados:

umas palavras que tomamos por relíquias 
aos mais velhos que são novos no pensar. 
digamos que nos construímos,
criamos um porto 
ali ao lado do velho Tejo
que abarca os velhos do mundo. 

digamos que nos descobrimos,
envelhecemos
subimos e descemos
em marés que são nossas
e barcos por atracar

voltamos a subir e a descer
e vemos o rio a correr
sem sermos nós na andança
sem sermos nós a mudança.

havemos de perguntar aos velhos
que laços se desenlaçam
que peças de teatro se representam
que arquitecturas são construídas
que cantos são cantados
para sermos o alto do que se vê,
para vermos o alto do que somos. 

odes aos que nos ensinam,
a sabedoria do efeito espelho,
espelham as margens já escuras
de sermos nós que as olhamos
com olhos também escuros. 

desenlaces em danças 
que ofuscam os negros das indecisões,
por fim.