um dia hei-de explanar a todos
todas as minhas acutilâncias mentais
para fazer ver que existem palavras
que nem a todos devem ser ditas
porque existem egos menores aos quais
adamantinos, dizem-se eles
se esmeram em precaver as desditas.
sensabor os que ficarão de se ver afim
de uns terrores tão grandes
que não saberão ver assim
o quanto se apela ao final certeiro
e a tudo o que seja, dentro do possível,
mais verdadeiro.
não tenho a certeza se existem mares com a minha razão
se se escondem os vultos enevoados das verdades
para que não lhes consiga dizer, ainda que em vão,
as tormentas se dirigem para as grandes calamidades
talvez esteja demasiado frio à vista
ou tempo demais para lembrar
que uns versos se escondem
e outros tentam entrar
e se crie, em todo este mar tenebroso,
umas voltas e passos que afinal
não se querem dar
quando alongam os tempos
e o ficar
do que é tenaz e menos airoso.
um dia hei-de escrever o que passa pela invenção
e liberar a matéria
ao ascender para respirar
este perfume que se sente pelo ar
desviando-me da miséria
de não explorar e envaidecer a razão.