28.10.13

memorial III

À atalaia do ilusório - 

de resto, como se existisse o espaço largo do que não resta, é a procura da comoção ilusória não alcançável. 
volto à descida inicial e o canto enegrecido de eras antigas não se mostra (se andei à sua procura, não chego a saber) nem se deixa ver. 
e tenho tudo o que me falta como se me desse ao luxo próprio de dar espaço à emoção quebrada. e falta-me tudo o que tenho como como se não soubesse espiar terra livre de si mesma. 
sei que há nesta clareza a eterna e a incompleta certeza de que tudo se destrói. os acontecimentos já deixaram de ser meus e passam para os fios quebrantados do vazio. 
e revolvo de noite, no serão da escuridão interior, as matérias pouco sóbrias num amontoado de corpos e de copos já exaustos já exangues como se caminhassem para o fim próprio conhecido. 
a paisagem mudou com o sinal e veste-se hoje a preto-e-branco e apenas lhe sinto o recorte em mudança de tempo. se assim não sinto o peso concreto que é e deixa ser na ousadia do eterno.