15.12.13

nome do nome

podia ter escrito tudo claro mas tenho a vocação para me esconder em subterfúgios e lugares que não são meus, não lhe disse já?. tinha dito igualmente que a forma é não ter forma e é aí que nos perdemos e o fumo que vemos é estanque ao ponto de alimentar o sufoco em espaços pouco visíveis. e tanto quanto sei, podíamos ser agora um quadro freudiano com todos os circunlóquios e patologias desnecessárias de quem sabe precisamente o que quer e o que não quer. talvez o querer seja desnecessário, não é? percebe o que lhe estou a dizer? vemos uma luz e dali, pousada naquela mesa, vem um cheiro a terra e ficamos com saudades da nossa terra e nem pensamos como a quisemos matar um ou dois dias ou o sempiterno. vê como é facilmente difícil não compreender tudo e ainda assim entregar uma pose de plena compreensão? como se a confusão fosse só um vocábulo e lá ao fundo é o fundo e esse espaço a que tentamos escapar fica preso em nós mesmos, não é? 
pois olhe então, não sei... já tentei noutros tempos discursar sobre isto que me apoquenta, tentei mesmo deixar aquele ensimesmar para trás mas fiquei em si na mesma. digo-lhe verdadeiramente, olhe que não lhe minto! já me conhece e sabe que nunca foi de mim dizer estas coisas, mas sabe... sabe? ora, não sei se realmente sabe... talvez soubesse quando estava em si o poder deste espaço, não acha? agora, desculpe-me estes discursos levados pelo martírio, não o faço por mal, mas tenho de ir. sabe como é... já se faz tarde e ainda hoje levo o recém-chegado, aquele de que lhe falei em tempos, a dar um pequeno passeio pela calçada. ia gostar dele, sabe? desde a última vez que o vi que deu um salto enorme, tem ainda a força do avô, como me disse o Sr. Mellier lá do jornal. não lhe roubo mais tempo, então. volto a passar por cá amanhã, como é do costume. não fique tanto tempo a dormir de manhã que perde logo o dia... mas olhe, faça como quiser... já devem estar à minha espera. depois conto-lhe como foi o passeio!