23.12.13

um filme de C. em Viena

orquestras sinfónicas tocam a composição Opus 73 de Beethoven e eu corro mentalmente na direcção dos passos que dei. e agora, se quisesse, não conseguia dar de novo os passos porque já não conhecia os espaços e perdia o rasto ao desconhecido. de novo em Viena. a cidade tirou-me de casa e mesmo quando me perco todos os dias nas ruas frias recordo o sentido de espaço futuro que me levou a entrar na valsa lenta rápida mais lenta cada dia de estar longe. quebrei o vazio com vazio e tudo o que tenho nele é um abismo e fico tão só com a noção de ficamos sempre longe de casa e tudo se torna ulterior e, palisses para aqui e para ali, interior. já me perdi no rasto nas ruas de Viena e todas as línguas que falo não me deixam respirar e criar novos espaços. os espaços, no fim, são redondos e a tentação última é contornar o véu com que dignificamos a partida.