18.2.14

o fim do princípio ou o poema incompleto

e se no princípio os nossos dias são pequenos
tornamos maior os dias e o espaço que pisamos
e dizemos, sim dizemos, 
hoje desfiz a forma que tinha
em forma de poucas formas
[repetições inter espaços]

e se somos nós os novos modelos, 
faço por escrever um novo manifesto: 

AQUI NASCEU UM ISMO

Fez ainda agora de mim uma canção que não tem fim
e se sabe entoar os versos é porque se deixou 
levar pelas palavras que lhe cantei durante a noite. 

Depois, as repetições pictóricas:
morre o vinho novo porque o velho já velho e matreiro 
sabe esconder-se dos passos das novas folhas. 
Mas se ainda canto bem estes versos
permito-me dizer - 
faz hoje hora que acreditava 
que tudo o que dizia já estava dito
como se as palavras que dissesse
nunca tivessem sido cantadas 
pelo vinho que agora canta.