era o tempo em movimento
e não era como antes
como sempre foi sempre cedo
a derrubar as horas que eram sempre depois
depois de nós,
depois de já não serem eternas
nas nossas palavras caídas pelo chão feito terra
feito pedra fria ao toque
tão feito de nós
feito enfim de primordial às horas ainda incertas
o irredutível a ser vazio ou o vazio irredutível
como se depois na caligrafia do incerto
já lhe tivesse entrecortado os caminhos
para as paisagens de tons humanos
sem nenhum espaço já a percorrer
em frente de uma memória ou pintura sóbria
na limpidez recolhida das nossas mãos
que já nem escreviam os tempos
esses esquecidos, nem relembrados
pelos cantos puros
eternamente cantados
pelo silêncio.