era eu no
princípio na forma mais longa e incerta
de quem se deita
já tarde já outro cedo tardio
e acende o fogo
em cristal seco esquecido
silenciosamente
nos encontros cósmicos
dos ácidos e dos
nossos tempos no poema.
o escuro a ser claro
a ascender à pergunta-mãe
nascemos vivos ou
insuperavelmente esquecidos
a ser a ausência
desmistificada para nos dizer
que hoje é dia de
noite longa
e os versos são
espelhos
entre-cortados
espaços sós a preencher
a carne poética
entre os dedos
na anacronia do
tempo agora presente
agora a fugir a
não ser meu
a ascender ao
tempo invisível
e a palavra já no
seu último fim
já que esta
poesia dói,
esta poesia do
eu.