7.3.14

poesia do eu

era eu no princípio na forma mais longa e incerta
de quem se deita já tarde já outro cedo tardio
e acende o fogo em cristal seco esquecido
silenciosamente nos encontros cósmicos
dos ácidos e dos nossos tempos no poema.
o escuro a ser claro a ascender à pergunta-mãe
nascemos vivos ou insuperavelmente esquecidos
a ser a ausência desmistificada para nos dizer
que hoje é dia de noite longa
e os versos são espelhos
entre-cortados espaços sós a preencher
a carne poética entre os dedos
na anacronia do tempo agora presente
agora a fugir a não ser meu
a ascender ao tempo invisível
e a palavra já no seu último fim
já que esta poesia dói,

esta poesia do eu.