nem que tudo nos diga o contrário:
hoje caí nas pedras que pisámos
fiz delas uma almofada só para tudo terminar
feito nada feito nada
e se essas escadas cada vez mais fundas
ainda estão perdidas
eu só me desvio delas e dos senhores sentados nos passeios
contorno as línguas e digo mentiras
os Reis que arranjem outras casas
nos Algarves,
para que lhes possa dizer:
aqui viveram juntos e felizes nem sempre
e sempre a destruição das luzes seculares
os fez pensar que eram eles os donos
das pedras
das calçadas
das ruas por mim perdidas
das outras ruas encontradas
dos escritores desengonçados
dos poetas e outros perdidos
do sol sempre à mostra
a queimar a pele
a queimar os ogli verdi
a queimar os cabelos
a corromper a cor branca