acham-se agora os ignorantes, sempre ignorantes nos meus jogos,
atrevidos pela cegueira que os impede da tangência factual.
calam-se e ficam sem palavras,
a verdade que lhes chega é evidentemente desactualizada
nem chega ao presente ano abençoado pelos senhores
acham-se ainda na posse das risíveis qualidades virtuosas
significados proto-protuberantes exímios das cognoscências
que exalam ainda o cheiro a mofo das minhas velhas vestes
para gáudio dos que impõem estas palavras,
há sempre ainda, por falta das humildades menores,
o aval das descrições arbitrárias e das graças às pequenas alminhas
chega sempre algo para manjar
nem os pobres resvalados no chão que pisamos
sabem do que é feito das iguarias de que dispomos
sempre à mão
e só no fim, quando nem sabem que lhes chega o fim,
ficam então, pobres coitados, já sem jogo ou vozinha que os proteja,
porque entretanto os maus e horríveis,
à classe que pertencemos,
estão já deitados e foram dormir
esperam somente que os outros apaguem a luz
só para no dia seguinte lhes dizermos que nem o sono os descansa
que bem podem fazer essa espera deitados
porque afinal são sempre os mesmos que se erguem
e quanto a isso não tenho nada a contrariar.