Quis espiar a invenção,
percorri essas páginas em branco total, à espera do que
ainda não tinha sido escrito
não me digas que ainda não tiveste a coragem de te debruçar nessas
viagens mentais
que te elevam aos contornos do que somos, afinal.
Sim, prefiro este ritmo mais alongado. Não condicionem o que
vivem só por causa de algo que foi visto apenas uma vez.
Ah, minto. Já nem deves saber. Contas isto como delírios de
quem não sabe ler, nem viver.
Mas vinhas a descer essa rua que agora tem apenas folhas caídas
no chão, vinhas com um livro na mão.
Vou ficar por aqui. Não que não quisesse subir aquela rua de
novo, em sonhos, sem ter de dar explicações a ninguém.
(Não que não quisesse ter ouvido uma banda sonora à la Grand Canyon landscape para te
conspurcar com as minhas ideias leigas.
Tivesse eu antes entrado nesse existencialismo para te
contar o que foi feito dessas línguas desconhecidas.)
O que me disseste foi para existir à margem da superioridade
falsa de outros.
Isso já eu sabia de outros tempos, mais ingénuos (no
entanto).