6.7.13

aos sonhos

Peguei nas palavras que nos destroem
Para fazer sobressair o que há de morte em nós.
Ali fiquei especada, acalorada com a brutalidade
De não nos vermos reflectidos.
Uma partícula que se esvanece
Porque se perde o que há em nós.
O espelho já enfastiado de sermos à sua reflexão,
O espelho já partido com marcas antigas de mostrar,
Aos olhos de quem tenta ver,
Que há alma para nascer e rebentar.

Somos nós, o velho operado que recupera a memória.
Nasce duas vezes para perceber que erra uma terceira
Já não vê de novo a sua forma inteira
Perdida com o alongar de horas temerosas
Imaculadas pelo andar inócuo de quem espera o toque solene.
Ficamos, pois, destruídos no desfiar de ferrugens
Que vão surgindo para apagar o efémero lembrar de filmes antigos.
Agora retocados pela nova nação
Que tanto se alimenta em visões de grandes concertos cantados pelo público.
Umas cantatas que alimentam o ruborizar de actos não esperados,

Aos quadros e risos que se escondem. 

O acto ficou morto, por fim. 
Se se queria destruído, ficou para sempre imóvel
Para não correr à velocidade dos desígnios iniciais
Para não correr contra as fúrias e gritos frontais. 
São as imagens onde não nos reconhecemos 
Porque nunca ali verdadeiramente quisemos permanecer.
Caminhemos para o fim das escadas, durante a noite,
Onde as texturas se relembram e as cores se perdem
Em círculos das escassas memórias que atentam ao tacto
Para podermos dizer que novas memórias se erguem
Ao clamor que nunca se sentiu tão exacto.