19.8.13

cercar

envolta, tudo à volta,
no mar que é toda a gente. 
cai, pedra a pedra,
o homem que se deixa levar 
por este mar adentro. 

repetem-se as cerimónias
para mais tarde se esquecerem
as insónias
que fraquejam com os passos que damos.

se tudo é sobejo aos olhos
dos que passam pelo paço.
se tudo é rasto mal vigiado
na carta que se deixou de escrever
pelo respirar que vai prometer
as vozes cantadas
em coro
aos ecos só eles ouvintes.

cai a pedra,
nó que não se desata
fere o canto
mas não mata.

como se eu não fosse
tentar respirar,
olhar.
como se eu não fosse
tentar a tempestade
e fazer o tempo transparente
ao correr

e ao olhar.