19.8.13

dactilográfico

II - 

Todo o lirismo se acaba no pesar das palavras
quando rarefeito fica o vocábulo 
que trouxe até aqui o existir. 
Se antes soubesse ficar
no triste desassossego 
que inutilmente nos torna menores. 
Se soubesse pisar a terra
com saltos maiores 
quando nos levam a ombrear 
o palco das movimentações mudas.
Quisesse entretanto esquecer
ou tanto relembrar o fogo
que se fez sem fumo 
no aclarar do caos e dos dias. 

Deixo adiantada a incerteza
e a razão com que se prende
a acção que se quer libertar. 
É cedo e fazem-se sombras 
que cantam secamente
o turvar das águas. 
Assim se renovam 
os passos em novos espaços
quando não mais se está 
pelos ossos temporais
que somos.