27.12.13

o tratado em parede

não se podia falar de liberdade e ainda assim tocava-lhe o corpo com as mãos antes retraídas. nem sabia se os crimes que cometia eram verdadeiros porque tudo me era estrangeiro. e eu também já não sabia se esta ou aquela era a minha loucura ou apenas o passar do tempo em forma de baloiço como quem nunca segue para lado algum e apenas vai avistando mais longe mais perto mais longe de novo o espaço novo espaço para pensar. e sei apenas que ficávamos doentes como as pessoas e dali já em delírio voltávamos a afastarmos-nos do mundo para construir redomas colhidas em nós mesmos. e agora ocupamos o silêncio já corpo adentro e dizemos que esta é a nossa defesa. e tudo o que ouço é agora uma vocação para o medo como se ficasse tudo claro e nem assim a obscuridade me voltasse a prender a toda a dimensão. dimensão que nem sei mas apenas traz sons gritantes que avultam as águas e fogo em  ritmo de abismo.