25.12.13

ode ao cabrão que me desfalcou os passos ou um discurso sobre ele mesmo

começos em setembro:

sai dali uma peste e nem ele sabe o que diz
apenas sorri com falas curtas e palreiros 
já que as patologias não mais lhe permitem. 
(que fique com a língua presa onde nasceu)
de todas as noites esfriadas com as simplificações:
é tudo simples, nada esperem porque eu também não espero nada. 
diacho! que afinal me engano sempre 
e nem começo verdadeiramente até escolher uma criatura
e fazer dela exemplo 
exemplo a todos e vejam lá: 
tu. sim, tu. 
inventas palavras e nem são barroquismos das vossas idades.
olhe que não invento nada, são tudo apenas formas parcas 
de expressões! 
não acredito e verifico diariamente as novas entradas
e olhe que as presenças nada valem, nada valem,
(isto tudo não faz sentido)
mas tenho já a grande ideia de dialogar consigo e nem olho para si
- eu nunca quis que me olhasse - 
e assim se criam os assustadores arbítrios:
ora escrevam de vossa vontade.
e lá deslizamos a nossa caneta, 
com poucos preciosismos e 
dali apenas saem os amigos das horas mortas
que nem os olho porque nem sei quem são 
mas tudo o que sai dali são companheirismos
vivaços, devassos, palhaços!

morram essas línguas que se inventam.
ora, tudo tem um quê de piada, 
digo
mas nem as baratas da adília 
te salvam, minha filha. 
podes conhecer todas as histórias demais
e não te reconheço um estilo
(tornamos isto tudo muito sério):

Inventei um dia uma prosa
Acabei por dela me desligar
Já não sabia a forma airosa
Que era não me libertar

____

Que morram os estilos, pim! Ou pum! 
Como vosselência mais preferir, que eu não me interponho 
às grandes criações!
Eu nem gosto de música 
da música que não conheço não gosto
porque não a conheço, percebe?
(interferências do vento)

____

Que venham entretanto os ditirambos:
Tu, ficas atrás na fila porque não te consolo!
Eu nem disse que era uma linha, à partida.

Eu é que me parto!
Já sem discurso ou passos para dar,
não é desistir, é continuar
sem forma.