Vou escrever dois tratados
poéticos e apenas tenho material para um
E vou também escrever frases
soltas
À espera que me publiquem e faça
antes a vida de poeta sem talento
E me editem umas quantas obras
E faço por vir de um país
longínquo
Sem que me conheçam, para manter
todo o mistério
E ter um nome pouco usado para
esquecer o riso dos esquecidos
E outra vez esquecer-me a mim mesma
E escrever como se fosse um homem
e dizer
Hoje não desci a avenida à
procura do habitual,
Ai que a boca também me foge para
outros sítios,
Sinistros, chamo-lhe
correntemente,
Apenas me esqueci do verdadeiro
nome.
Entretanto já me publicaram três
obras
Que já tenho distinção com prémio
máximo da sua negação
Pois as bestas que criamos são as
que deitamos fora todos os dias
A não ser quando aproveitamos trabalhos já nossos
Para nos poupar aos pensamentos individuais.